Prêmio: 33° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo PREFEITO DA CIDADE DE SÃO PAULO: Ricardo Nunes SECRETÁRIA MUNICIPAL DE CULTURA: Lígia Jalantonio CENTRO CULTURAL SÃO PAULO Diretor: Rodolfo Beltrão Assessoras: Evellyn Araújo e Veruska Matos SUPERVISÕES: Ação Cultural | Ramon Soares, Acervo | Camila Bôrtolo Romano Biblioteca | Juliana Lazarim Curadorias | Marllon Caetano Gestão | Silvana Silva Informação | Nerie Bento Produção | Adriano Haim Núcleo de Projetos | Walter Siqueira CURADORIA DE ARTES VISUAIS | CCSP 33º PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES DO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO MOSTRA 2023 – 2024 Curadora | Maria Adelaide Pontes Curador-assistente | Victor Hugo de Souza (Guto Ezek) Arquiteta de Exposição | Karen Doho Estagiária | Laura Sousa Montagem Expográfica | Alex Sandro Antonio Cruz, Luciano Ferreira e Valdir Pereira Damasceno Montagem Fina | Amarelo CATÁLOGO DO 33° PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES
Coordenadora de Comunicação | Isabela Pretti Projeto gráfico e comunicação visual | Isaac de Moraes e Pedro Alencar Fotógrafos | Artur Cunha e Júlia de Cássia Equipe gráfica CCSP Bruno Valeiro, João Batista Amaro, João Francisco dos Santos, João Silva, Paulo Sérgio Cassiano Fotos dos artistas | Andrea Lalli: Grazi Pine; Carolina Itzá: Arumã; Carolina Velasquez: Areta Padma; Cho: Felipe Apezzatti; Cris Peres: Danilo Rufino; Dinho Araújo: M4fel; Dyana Santos: acervo pessoal; Érica Storer: Lorenza Cini; Espejismo: acervo pessoal;
Felipe Rezende: Gala Abramovich; Génova Alvarado: Gema Hernández; George Teles: Allan da Silva; Gio Soifer: Brian Bogu; iah bahia: Victor de Beija; Iris Helena: Nina Maia; Jeff Barbato: Ana Helena Lima; Lucimélia Romão: Gardênia Monteiro; Milena Ferreira: Antônio Neto; Morena: Mylena Tiodósio; Natan Dias: Giulia Bravo; PV Dias: Anna Sgarbi; Renan
Marcondes: acervo pessoal; soupixo: acervo pessoal; Val Souza: Tayna Ventura.
Júri de seleção: curadoras Fabiana Lopes e Luciara Ribeiro e pelo curador Renato Araújo Silva, além de representantes da instituição, Maria Adelaide Pontes, Victor Hugo de Souza e Thamires Cordeiro Nunes – avaliou 520 propostas artísticas inscritas e selecionou 24 proponentes. Grupo de crítica: Aline Albuquerque, Ana Cecília Soares, A Transälien, Carollina Lauriano, Deri Andrade, Guilherme Teixeira, Gustavo Caboco, Mayara Carvalho, Mônica Cardim, Uila, Val Sampaio, Vânia Leal
APRESENTAÇÃO
O Programa de Exposições, Edital público de estímulo às artes visuais – realizado anualmente desde 1990 pelo Centro Cultural São Paulo no âmbito da Secretaria Municipal de Cultura – chega à sua 33ª edição em 2023/2024 atualizado. A grande novidade desta edição é a incorporação oficial de Ações Afirmativas no Edital, visando maior equidade entre os proponentes. Dessa forma, o 33º Programa de Exposições passa a ser um ponto de inflexão no curso dos seus 33 anos ao estabelecer critérios de acréscimo na pontuação levando em consideração autodeclaração de proponentes no que diz respeito à questões étnico-raciais, de gênero, mãe-solo e pessoas com deficiência, de forma a assegurar maior pluralidade de repertórios visuais e de pensamentos. A cada ano o edital evidencia novos nomes que emergem na cena artística contemporânea, selecionados por uma Banca de Avaliação que se renova a cada edição. O júri desta edição – composto pelas curadoras Fabiana Lopes e Luciara Ribeiro e pelo curador Renato Araújo Silva, além de representantes da instituição, Maria Adelaide Pontes, Victor Hugo de Souza e Thamires Cordeiro Nunes – avaliou 520 propostas artísticas inscritas e selecionou 24 proponentes. O resultado da
acurada seleção feita pelo júri compõe a mostra anual do 33º Programa de Exposições: Andrea Lalli, Tecituras de fé; Carolina Itzá, Sun Tzu, a casa caiu; Carolina Velasquez, A costura dos arquétipos – reconstrução ancestral; Cho, Comprovante; Cris Peres, Experimento levante; Dinho Araújo, História dos animais e árvores; Dyana Santos, Arena; Érica Storer, Trabalho para deixar o tempo imprestável; Espejismo, Rasgo; Felipe Rezende, Lonjuras; Génova Alvarado, Minha paisagem é corporal; George Teles, Lambeduras, colisões e rotas de desvio; Gio
Soifer, Fôlego; iah bahia, Outras Frequências, um Exercício Contraplano; Iris Helena, Patrimônio Material; Jeff Barbato, Uma inesgotável escavação; Lucimélia Romão, Corpos Violados; Milena Ferreira, Habitar é obra; Morena, Escuta: feitio do encanto; Natan Dias, Movimento; PV Dias, Rádios-Cipós; Renan Marcondes, Solo; soupixo, Períodos de tempo
variáveis; Val Souza, Estudos para uma Brasiliana. Os 24 proponentes selecionados, sob o arranjo de exposições individuais simultâneas, compõem a mostra do 33º Programa de Exposições, ocupando os dois pavimentos expositivos do prédio, os pisos Caio Graco e Flávio de Carvalho. Curadoria de Artes Visuais | CCSP
“Ao longo desses anos, foram selecionados pelo Edital Programa de Exposições do CCSP mais de 600 artistas visuais. Alguns deles, atualmente, nomes consagrados no panorama artístico nacional, que, em alguns casos, voltam a participar das mostras do Programa na qualidade de artistas convidados, como Rochelle Costi [1961-2022] (selecionada em 1991 e convidada em 2009), Rosana Paulino (selecionada em 1994 e convidada em 2017 e 2022), Henrique Oliveira (selecionado em 2006 e convidado em 2018), entre outros. Tais modalidades e elenco de participantes, artistas selecionados e convidados, comissões de seleção e grupos de crítica, podem ser conferidas no quadro cronológico do Programa de Exposições 1990-2023, no final do catálogo. Também é possível conferir a mudança de perfil de artistas selecionados nos últimos anos.” diz a curadora Maria Adelaide Pontes em “Um singular programa de políticas públicas para as artes visuais em movimento “
A LINHA QUE NOS UNE É A MESMA QUE NOS SEPARA
Na arte, a linha pode ser compreendida como a desconstrução da forma para seu elemento mais básico e essencial. Ora enfatizada como na corrente minimalista, ora despercebida, a linha, no entanto, sempre esteve presente na discussão do campo da arte, como um elemento conceitual ou não, sendo que ao longo da História da Arte, artistas trabalham inscritos dentro de uma longa tradição, ao mesmo tempo em que, contemporaneamente, utilizam dessa prática para trazê-la dentro de novas injunções, concepções e abordagens. É este o caso das abordagens do conjunto de trabalhos apresentados por Jeff Barbato para o 33° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo.
Em sua pesquisa artística, Barbato construiu um repertório discursivo que remete à infância e às memórias trazidas do ambiente familiar, sendo reprocessados como objetos poéticos. E tomo essa informação como base, pois ela é importante para compreender o ponto de partida e as caminhadas trilhadas pelo artista para a composição de “Uma Inesgotável Escavação”, conjunto de cinco trabalhos que compõem a sala expositiva de Barbato.
Na obra do artista, a linha opera como uma metáfora para as fissuras internas e externas que perpassam vivências pessoais do artista. Nascido com lábio leporino, essa fissura oral-labial foi o primeiro contato do artista com o distanciamento e exclusão social causados por pré-conceitos advindos não somente da desinformação, mas por preconceitos que cercam toda e qualquer pessoa que foge um marcador de norma e padrão. Nesse aspecto, para construção de sua exposição individual, Barbato recorreu, primeiramente, às fraturas internas causadas por esses processos de violência subjetiva.
Embora essas incursões pessoais sejam a base para a pesquisa de Barbato, há outros aspectos de suas vivências e experiências que somam uma carga simbólica para sua apresentação no Centro Cultural São Paulo. Assim como o artista identifica uma proximidade com o menino Rouxinol, personagem que faz parte de um dos Contos do livro Histórias de Leves Enganos e Parecenças, de Conceição Evaristo, há mais proximidade entre Uma Inesgotável Escavação e o livro do que, talvez, Barbato posse imaginar.
No prefácio de Histórias de leves enganos e parecenças, a doutora em Literatura de Línguas Portuguesas Assunção de Maria Souza e Silva escreve que “a relação de poder que subjuga as classes subalternas e sustenta o força social aparece nas narrativas como fator determinante das deficiências das estruturas históricas e sociais. Conceição Evaristo nos põe em um lugar inquietante e desafiador, como se clamasse para uma leitura não passiva, nem pacífica. O que se conta através do figurativo, do alegórico e do simbólico, engendra-se a partir dos fatos e de suas consequências históricas, que incidem na vida cotidiana, onde pobres – negros e não negros, despertos em suas masculinidades e feminilidades -, rompem com o prestabelecido, revelando nos ‘líquidos’ dos corpos a veia da resistência”.
Assim são os trabalhos apresentados por Barbato, uma reunião de assuntos que buscam romper com o preestabelecido para discutir o lugar daquilo que ainda busca seu espaço de liberdade, seja na vida ou no próprio campo da arte. Ao identificar tais fissuras, o artista passa a reivindicar, a partir de sua prática e linguagem artística, um lugar de ressignificado para elas.
É preciso enxergar onde dói, para assim buscar a cura.
E assim, retoma as linhas como metáfora da resistência que Barbato encontra para revelar aquilo que precisa ser curado. Utilizando do concreto como base para construção da maioria das peças que compõem amostra, a rigidez da materialidade se contrapõe a fragilidade das linhas que denotam aspectos de uma imposição em nome de um progresso mas que precisam ser revistas para que haja um futuro mais promissor e humano ponto final ao trazer à tona uma herança histórica pessoal, marcada por dominações concretas e simbólicas, Barbato nos faz refletir que é preciso ressignificar questões internas, fazendo emergir outras experiências e novos contextos.
CAROLLINA LAURIANO Teórica convidada em ocasião ao 33° Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo [CCSP], maio de 2024.
“Entre os interesses e as estéticas de cada pesquisa artística selecionada, são produzidas encruzilhadas entre questões e temas inadiáveis como habitação, migração, ancestralidades, narrativas oficiais e dissidentes, fronteiras geográficas e simbólicas, direito à cidade, memória e terra, escovando a contrapelo noções consolidadas nos
assuntos que levantam, insurgindo proposições e materialidades que manifestam as artes como locus de enunciação privilegiado para propor formulações, práticas e imaginários de autonomia e emancipação que respondem criticamente a contextos hegemônicos e a visões de mundo coloniais.”, afirma Victor Hugo de Souza (Guto Ezek),
Curador-assistente de Artes Visuais do CCSP
foto: Ana Helena Lima
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